27 de ago. de 2013

Não é

A gente perde o time.
Perde o feeling das coisas.
Evita.
Perde a oportunidade de ser cobertor.
E se descobrir, talvez.
A gente perde os sinais.
Vacila. 


- A gente não age -  

Aí, a gente sente.
E a gente se arrepende.

Porque a gente teima


no medo de se sentir invadido
se esquece de se sentir habitado.

Então a gente vai embora
e depois a gente lamenta
no quarto
, em casa,
quando já não há mais ninguém para ver aquela lágrima.
Muito menos olhar nos seus olhos.

A gente sou eu.
É você.

E isso não é um poema.

.
 

20 de jun. de 2013

É nóis!


Nos últimos dias começou a circular pela internet uma antologia de poemas inspirados pelos protestos por todo o Brasil contra “o aumento das tarifas de ônibus” .

O título – ”Vinagre – Uma Antologia de Poetas Neobarracos”- remete ao fato da revista da Polícia Militar de São Paulo aos manifestantes para procurar vinagre no protesto ocorrido na última semana. O líquido eralevado por alguns deles porque ajuda a amenizar os efeitos do gás lacrimogêneo.

A organização da Antologia foi realizada por um grupo de poetas denominados por eles próprios como ‘Os Vândalos’, uma alusão às críticas sobre atos bilaterais de vandalismo na manifestação. O grupo promete para a póxima semana uma edição ampliada da coletânea com a inclusão de trabalhos de outros poetas sobre o tema.

No prefácio desta primeira edição, dizem que é uma obra coletiva, de todos, que surgiu como “gesto público de solidariedade a todos os movimentos que acontecem simultaneamente no Brasil (e também no mundo)”.

A antologia (primeira edição) com mais de 75 poemas assinados por diversos autores, todos eles em referência ao momento de revolta no país, pode ser lida ou baixada  no link abaixo :

https://www.mediafire.com/view/8xo1155vho004ir/VINAGRE_UMA_ANTOLOGIA_DE_POETAS_NEOBARRACOS_junho2013.pdf
 
*Texto retirado daqui

Também disponível matéria na Folha de São Paulo


18 de jun. de 2013

"A Revolta do Vinagre"

 
Orgulho em fazer parte deste momento histórico do nosso país, em que a população, majoritariamente representada pelos jovens – o futuro – perdeu o medo de sair às ruas na luta por um Brasil melhor.
Quem esteve lá presenciou algo de mágico acontecendo. E quem viu pela TV, também.
 
O que vimos e ouvimos ontem foi um grito há muito entalado na garganta, entoado por mais de *240mil pessoas, em 12 capitais nacionais (segundo a Folha de SP) e ecoado no mundo todo; vimos os olhares surpresos e confiantes que cada manifestante expressava ao olhar para trás de si e, principalmente, para FRENTE, e ver a quantidade de pares seus que ali estavam, acreditando que é possível a mudança, dizendo “basta” para todo este estado de coisas.
 
Vimos lençóis brancos nas janelas dos edifícios; cartazes dizendo “Aqui liberamos o Wi-Fi”, para que fosse possível a circulação de ideias, notícias e afins; vimos os trabalhadores parados no trânsito por conta da manifestação e que, em vez de reclamarem, desaprovando o movimento, diziam “sim” com a cabeça, enquanto flores eram colocadas no para-brisa de seus carros; vimos os motociclistas, após um dia todo de trabalho no trânsito infernal de SP, buzinando em apoio à passeata; os motoristas e cobradores de ônibus ‘piscando’ a luz do coletivo em aprovação e apoio à causa; vimos garçons jogando, do alto de uma lanchonete, garrafinhas de água para o público passante; e vimos, ainda, alguns policiais acenando positivamente para os grupos de manifestantes.
 
Mais do que “ver” e “ouvir” foi “sentir”, pois tudo isso comove, e muito! Foi assim que tivemos a certeza de que não estávamos sozinhos, de que essa luta contagiou a sociedade toda, mostrando uma doença da qual sofremos há pouco mais de 500 anos. Chegou o momento de buscar a cura. Chegou a hora de dizer chega.

Amanhecemos, cada um de nós – expectador ou participante - com uma esperança a mais.
E todos estão de parabéns.