29 de dez. de 2010

Anedota


Um dia, os orgãos do corpo disputavam para ver quem seria o Grande-Chefe do corpo.

O coração falou: eu serei, pois envio sangue para vcs todos e sem mim o corpo não vive. O cérebro retrucou: Eu é q serei, pois se eu parar aí sim é que se considerará morte. Você, coração, ainda pode ser transplantado. O rim também brigou: Eu q quero ser o Grande-Chefe do corpo, pois se eu não eliminar a água do corpo, já viu né, o q acontece!!
Aí o Cu resolveu falar: Ah não, eu q mereço ser. Então todos riram, dizendo: “Ah tá, justo quem faz mais merda quer ser o Grande-Chefe do corpo, hahaha”

O Cu ficou revoltado e resolveu se vingar. Ficou trancado por um mês, as fezes foram se acumulando e o cheiro ficando insuportável, até q os outros cederam: “Tá bom, você será o Grande-Chefe do corpo".

Desde então, todo cusão é chefe!
.

12 de dez. de 2010

Finalmente férias!




É agora q teremos tempo para nos mesmos, para cumprir deveres além daqueles da faculdade. Não há peso. Não há crime. Só a sensação de liberdade - provisória, mas existe – das obrigações curriculares.

Estranho falar isso: “obrigações curriculares” - porque, acho eu, não deveria ser. Não deveria haver obrigação quando se faz aquilo q se gosta. Mas há. E se há, há um problema aí.
Ou ali – na faculdade.

Mas deixemos isso pra depois...


Não quero interromper minha água de coco.

2 de dez. de 2010

Longi-tudo



Longi-tudo

Meço à distância

essa saudade desmedida
q o verso curto não alcança
e, ainda assim, arre-
                               messo.
.
.

26 de nov. de 2010

Dois: ah...humm




ela
deli
ciosa

ele
dela
cioso


ela
nua
boa

ele
nu
bem bom


(FALEIROS, Álvaro. in Meio Mundo, São Paulo: Ateliê Eitorial, 2007)
.
.

21 de nov. de 2010

P.A do invisível


Pela rua, passa a roupa.
Passa a moça, passa o ruge.
Passa o terno e a gravata.
Passa gato, passa cão.
Passa puta ignorada.
Passa a mãe, passa o pai. Passa o pão na mão da mãe.
Passa toda a meninada.
O poder passa.
Passa chefe e a patroa
O olho alheio (quando passa).
Passa mesmo. Até o nada.
O gari, coitado, para.

Conta:
(1; 2; 3;...n; n+1;
nenhum)

...[...]...

Um olá não passa.
Um sorriso não passa.
Um bom dia não passa.

O gari passa o dia

varrendo o feno
na cidade fantasma.

(in Colírio)
.
.

13 de nov. de 2010

O canto da ilha reconhecida


Aqui, neste quase,
habitado por um meio/corpo
(enquanto o inteiro é metade)
o pouso, o desembarque
são poucos.

E os que vêm a repouso
nem chegam a ficar.
Ficam à esquerda, com seus tapa-olhos
a piratear um gesto
pra cá e pra              lá.

Afirmam o desequilíbrio
desta ponte entre mim,
sem saber que partem

deste porto

para o mesmo não-lugar

emerso em parte alguma
imerso em uma lacuna

                                               insular.


(Israel, in Colírio - livro inédito)

11 de nov. de 2010

Claudia Roquette-Pinto

Claudia Roquette-Pinto

Sítio

O morro está pegando fogo.
O ar incômodo, grosso,
faz do menor movimento um esforço,
como andar sob outra atmosfera,
entre panos úmidos, mudos,
num caldo sujo de claras em neve.
Os carros, no viaduto,
engatam sua centopéia:
olhos acesos, suor de diesel,
ruído motor, desespero surdo.
O sol devia estar se pondo, agora
_ mas como confirmar sua trajetória
debaixo desta cúpula de pó,
este céu invertido?
Olhar o mar não traz nenhum consolo
(se ele é um cachorro imenso, trêmulo,
vomitando uma espuma de bile,
e vem acabar de morrer na nossa porta).
Uma penugem antagonista
deitou nas folhas dos crisântemos
e vai escurecendo, dia a dia,
os olhos das margaridas,
o coração das rosas.
De madrugada,
muda na caixa refrigerada,
a carga de agulhas cai queimando
tímpanos, pálpebras:
O menino brincando na varanda.
Dizem que ele não percebeu.
De que outro modo poderia ainda
ter virado o rosto: - Pai!
acho que um bicho me mordeu! assim
que a bala varou sua cabeça?

ROQUETTE-PINTO, Claudia. Margem de Manobra. Rio de Janeiro: Editora Aeroplano, 2005.

1 de nov. de 2010

SONETO SIMÉTRICO II

Paulo Henriques Britto

Tão limitado, estar aqui e agora,
dentro de si, sem poder ir embora,

dentro de um espaço mínimo que mal
se consegue explorar, esse minúsculo
mpério sem território, Macau

sempre à mercê do latejar de um músculo.
Ame-o ou deixe-o? Sim: porém amar
por falta de opção (a outra é o asco).
Que além das suas bordas há um mar

infenso a toda nau exploratória,
imune mesmo ao mais ousado Vasco.
Porque nenhum descobridor na história

(e algum tentou?) jamais se desprendeu
do cais úmido e ínfimo do eu.
.
.

23 de out. de 2010

De cangorra e outros brinquedos


Não suporto a hipocrisia das hiper-feministas q acham q ser mulher acarreta ser anti-homem e cometem o raso, pífio e ridículo equívoco de fazer do feminismo uma versão simplesmente oposta ao q elas mesmas abominam – o machismo. Na boa, mulher de bolas não dá!

Talvez pelo exacerbado sentimento de conquistar além de seu espaço e contrariar uma voz dominante dos séculos passados – de sociedade patriarcal –, haja um grito de repulsa q, mais q buscar a ampliação de um território, anseia a invasão do outro, quase a extinção do outro.

É compreensível esse fator: a ideia de “revanche” em cima do processo histórico q inegavelmente anulou a participação feminina em campos diversos da formação humana (ciências, artes, política); em cima de uma ética (com colaboração de doutrinas religiosas) q reduziu o papel da mulher à submissão ao homem, travestida por exemplo em uma instituição hoje falida como o casamento, em q, enquanto a noiva terá um marido - a função social do homem -, este não terá uma esposa, mas sim uma...como é mesmo a frase?: marido e...mulher, isso! terá a MULHER.

Sim, é compreensível q se queira uma voz, um lugar - não há problema algum, pelo contrário, todos têm direito ao espaço. Mas entre querer uma voz, um lugar e querer “A” voz, “O” lugar, há um abismo notável, pois sugere mais autoritarismo q autonomia. É como a briga das crianças ciumentas quando ganham brinquedo novo: esse é meu – só meu!

Há aquelas q se autointitulam 'mente aberta' e revolucionária, mas lá no fundo – na plantação de alface q guardam no lugar do cérebro - acham, por exemplo, impossível q um homem queira amizade com uma mulher. Limitam-se a 'pensar' q todo cara q se aproxima delas é na exclusiva intenção de comê-las. (é a mesma coisa do machão suado e fedido q acredita q toda mulher quer dar pra ele).

Ah, meu, “vou escrever em letras grandes pelos muros do país”: ABAIXO AO SEXISMO!
Detesto!

O feminismo exacerbado é a mesma coisa q o machismo: expressão de uma pessoa insegura de si mesma e da sua relação com o mundo, q, na tentativa de compensar uma fragilidade sua, procura se impor com um discurso fajuto de argumentos quase sempre radicais. É o tipo de mulher q não sabe fazer bom uso da liberdade q outras mulheres mais dignas conseguiram por ela no passado.
Como disse: mulher de bolas não dá! Pra você, do sexo feminino, entender o q digo: uma mulher de bolas é para nós, homens, o q um homem bundão é para vocês.

Prefiro a mulher q sabe ser mulher. Q sabe ser, mais feminina q feminista, q sabe buscar sua independência sem forjar uma superioridade.
Acho q toda mulher e todo homem deveriam se pensar em relação ao outro e não no lugar de.


Um beijo a todas minhas amigas de verdade, q sabem ser mulher – de verdade!

10 de out. de 2010

A casa do tempo perdido (Drummond)


Bati no portão do tempo perdido, ninguém atendeu.
Bati segunda vez e mais outra e mais outra.
Resposta nenhuma.

A casa do tempo perdido está coberta de hera
pela metade; a outra metade são cinzas.
Casa onde não mora ninguém, e eu batendo e chamando pela dor de chamar e não ser escutado.

Simplesmente bater. O eco devolve minha
ânsia de entreabrir esses paços gelados.
A noite e o dia se confundem no esperar,
no bater e bater.

O tempo perdido certamente não existe.
É o casarão vazio e condenado.

ANDRADE, Carlos Drummond de. Farewell. Rio de Janeiro : Record, 1996.

2 de out. de 2010

Ah se entre duas escolhas houvesse a opção por uma terceira...


    Sou daqueles para os quais o pouco não basta. Sempre quero ter além - sem a ambição negativa, mas sim com a vontade e necessidade de me sentir completo. Talvez pela característica intrínseca a essa pessoa aqui por querer romper limites e chegar àqueles impostos apenas por ela mesma – seja a favor ou contra os externos, mas colocados por ela.
É por isso q me entedio facilmente com a rotina, com a mesmice de qq coisa que dure muito tempo sem qualquer mudança mesmo superficial. E para escapar desse tédio, só mesmo estabelecendo outras fronteiras pra se chegar. 

É como compensar uma falta estabelecendo outras mais.

É meu modo de mudar um estado de inércia: um pouquinho mais de aceleração sempre é bom. É assim q reativo minhas vontades e tento superar a ideia de uma vida equânime. Afinal, qual a finalidade daquela vida q se contenta em atingir – quando atinge – um único fim?
Acho q nenhuma! E se não há mais finalidade em viver, então o negócio é morrer, pelo menos por alguns instantes - a morte cotidiana talvez.
Porque a definitiva é para aqueles que desistiram de querer mais.

Se quer fugir disso, manipule suas paixões.

27 de set. de 2010

Δs = v.Δt

...na inércia, em movimento retilíneo uniforme até aquela parede ali na frente, cuja porta da lei se recusa abrir. Se não abrir, farei minha urina ali mesmo!
Com prazer!

19 de set. de 2010

“Não quero ter razão, eu quero é ser feliz!”


Essa frase foi dita por Ferreira Gullar, em uma das mesas da FLIP 2009. Em ocasião posterior, Gullar disse que se referia ao embate judáico-palestino, e comparou-o com sua relação conjugal:

“Israelenses e palestinos têm que parar de discutir. Passado é passado. Enquanto quiserem ter razão jamais farão as pazes. É que nem com a minha mulher, Cláudia. Brigo com ela, provo que estou com razão, ela sai irritada (eles moram em casas separadas), passa três dias sem me ligar, fico aqui cheio de razão, triste pra caramba. Brigo com a pessoa que amo, que me dá alegria, para ter razão? Eu quero é ser feliz.”

A frase é genial pois, além de opor duas coisas que não são antônimas - o q causa um efeito extraordinário em quem a ouve ou lê -, indubitavelmente, instiga uma discussão sobre essa mesma oposição q a estrutura da frase sugere: a razão é causa da infelicidade.

De fato, muitas vezes, pela mesquinhez de não se “dar o braço a torcer”, alimentamos uma desavença cujo término só chega pela capitulação de uma das partes. No caso dos judeus e palestinos, por envolver não apenas a questão territorial, mas também a fé, essa rendição é mais complicada, por isso o fracasso das diversas negociações de paz por q passaram. No entanto é um exemplo de como a defesa da razão (entenda-se “a razão de cada um”) principia um conflito.

Já em relacionamentos, como explicitou o poeta, a gente briga – com razões (são sempre duas) – fica um de cara feia pro outro - infelizes.

Mas o q acontece boa parte das vezes, e q não está no no pequeno relato do Gullar, é q, depois dos “três dias sem ligar”, um dos dois resolve retomar a discussão – e geralmente é aquele q reconhece ter extrapolado na defesa de sua razão e admite a razão d@ companheir@.

Se é assim, então sugerir ser necessário deixar a razão para se ter felicidade me parece um equívoco.

Pergunto, por exemplo - pra retomar o enunciado do Gullar –: O q geraria aquela infelicidade: a razão de um, ou o não reconhecimento desta pelo outro?

É claro q definir razão não é fácil: é subjetivo e muitos consideram q ela nada mais é q a boa manipulação de palavras e persuasão na linguagem e, fora isso, não existe enquanto tal.

Não vejo assim!

E acho q dizer q a razão 'não existe' é admitir nunca ter precisado pedir desculpas.

O fato é q estamos tão vinculados a um Way of Life em q a individualidade se tornou uma espécie de egoísmo e, com algumas exceções, sequer conseguimos nos por em um lugar q não seja o nosso - e esse é o único lugar cuja passagem de ida o dinheiro não compra.
É um estado de coisas em q o mais importante é o resultado – positivo, claro –, e nesse sentido, não há espaço para a admissão de um erro – pois seria admitir uma 'derrota' (que nem existe). Assim, ficar com sua razão seria mais confortável.

Brigar, a gente também briga (como diz Zé Simão: “Trisca pra ver o q acontece”), pois acho q quem não defende seu ponto de vista expõe certa covardia. Brigo... até certo ponto.
Com a Li também é assim: a gente sai no verbo (em oposição a “sair na mão”) – afinal eu sou o Israel e ela sempre dá um jeito de ser a “Palestina” -, mas no final das contas, tentamos ver o erro de um ou de outro e encerrar nossa pequena intifada, sem, contudo, abrir mão da razão.

Por que a razão existe sim: está no termômetro da ignorância, no paquímetro da raiva, na balança das palavras – e às vezes, no pluviograma das lágrimas.


Está, meus caros, no reconhecimento de sua perda.



 

13 de set. de 2010

"Poema"

Apresentei a pistola,

escrevi porque quero tonto

lhe afamar de minhas três teresas.

Por príncipe da condessa,

eu tenho que pegar teu bruto à tua beleza,

Cebolas, alhos e sua beca.

O sorris ao usar dentes.

Por isso quero lhe de zé,

de que a senhora tenha cerveja,

de que lhe quero minto.


(CHAVES, ? - "Carta ao açogueiro", México. 1985. edição SBT revisited: São Paulo. 2010.)

11 de set. de 2010

Condicional

Para um homem apenas
não é possível o corte

não é possível a dor
a sorte cor de cobre.

Para um homem apenas
não há doença ou cura.

Inexiste febre
cárie, mercúrio, pluma.

Para um homem apenas
é improvável o verbo,

rosto pareado ao rosto
no espelho em reflexo

Para um homem apenas
a duras penas há um corpo

somente só, intratável
não-oco.

Para um homem apenas
não é.

É preciso um outro - oposto.

Com um par de asas no dorso
e outro de sandálias nos pés.

-
-
-

9 de set. de 2010

Confesso: Já li Paul Rabbit



Nada mais trivial que criticar livros de auto-ajuda e Best-Sellers. Esboçar sua raiva, indignação, na tentativa de mostrar alguma intelectualidade. O problema é q, constantemente essa crítica vem acompanhada por uma certa arrogância: é baseada na opinião do outro (do professor, do escritor de renome ou qualquer outro ícone seu), mas o autor mesmo da crítica sequer leu algum dos livros. Mais de uma vez ouvi dizerem q – para continuar nos clichês – “Paulo Coelho é uma bosta”. Pergunto então qual livro do cara ele leu. Adivinhem: Nenhum. Questiono-me como alguém pode criticar algo sem ter experimentado. Isso me sugere certa infantilidade (quando eu era criança dizia não gostar de berinjela – nunca havia comido – contudo, hoje, mais maduro, não nego um prato desse legume. À parmegiana ou recheada então...beleza!).

E antes q alguém me pergunte se eu gosto de fezes, e quando eu responder não, perguntar se já experimentei, leia esse artigo sobre a relação olfato/paladar, ok.

Bem, nunca comi merda – eu acho – mas já li Paulo Coelho, Agatha Christie, “Violetas na Janela” e coisas assim, lá no início, quando não tinha sequer ideia do q era literatura, valor literário (que aliás, até hoje nenhum teórico conseguiu definir), nem tinha orientação sobre o que ler, i.e, oportunidade de acesso à outros autores q não aqueles ditados pela lista dos 10 mais nos jornais revistas e boca-do-povo. Mas o fato é q eu LIA, ao menos.

Com efeito, penso que a qualidade desses textos seja questionável – para quem leu, sabe oq estou falando -, já q boa parte desses livros não tem preocupação com a elaboração linguística - e não se trata de gramática correta ou não, é q eles pintam e bordam com o lugar-comum, com as mesmas metáforas desgastadas -, apostam nas fórmulas q deram certo lá atrás e q ainda enganam algumas pessoas (Alguém poderia me explicar a diferença entre Robert Langdon e Indiana Jones: acadêmicos atrás de simbologias, cujas vidas são repletas de aventuras?), arriscam conselhos frouxos, iludindo os leitores ávidos a aprender alguma coisa. (Haja vista as estantes das livrarias repletas de títulos do tipo: "Como fazer isto"..."Como ser isso"..."Como lidar com aquilo",etc)


O q eles fazem é trabalhar com a generalização, supondo q todos temos os mesmos sentimentos, as mesmas necessidades e se esquecem da complexidade do ser humano. Não tocam nas particularidades da experiência histórica que é a vida, e tampouco se importam com o momento da história em que estamos.
A triste ironia: é exatamente por isso que esses livros dão certo. E vendem. Afinal, para alguns livros há o bom gosto. Para todos os outros existe Mastercard*

No entanto, conquanto, entretanto, todavia, embora os livros como esses sejam fracos literariamente, há quem os leia. E talvez aí resida a importância da chamada literatura menor: iniciar pessoas no mundo da leitura. São textos fáceis que ajudam as pessoas a criarem o hábito de ler,e isso pra mim e espetacular. Deixe lerem Crepúsculo, Melancia, O Zahir, Norah Roberts, Augusto Cury e outros. Se lerem já estarei satisfeito. Não subestimo a hipótese de q alguns desses leitores possam partir para outros autores mais, digamos, menos generalizadores e triviais.
Quem sabe o carinha q leu Crepúsculo e gostou do clima soturno não parta para um Poe; a menina q leu Melancia  não se enverede por contemporâneos como Clarah Averbuck; ou então aquele q leu o Alquimista e achou ter entrado na alma humana não descubra Clarice Lispector, Caio Fernando Abreu,Virginia Wolff ?
Deixe-os. talvez com alguma orientação isso venha a acontecer.

E sinceramente, dúvido que alguém aqui q é amante das Belas Letras, da considerada boa literatura, tenha começado lendo...Finnegans Wake.

 Eu não.
.
.

6 de set. de 2010

A leitura de Poesia


Não é novidade dizer q o hábito leitura não faz parte da cultura brasileira. Segundo dados do MinC, lemos 1,8 livros por ano – número extremamente baixo, sobretudo se comparado aos de outros países: França (07 livros/ano); EUA (11 livros/ano); a Colômbia (2,4 livros/ano). 

As desculpas são várias. Umas válidas, outras nem tanto. Dentre o motivos, incluem-se a ausência de biblioteca nas cidades; falta de apoio nas escolas, que encaram a leitura como obrigatoriedade; alto índice de analfabetismo; escolaridade baixa; renda insuficiente; e a mais esfarrapada: livros estão caros.
Talvez por isso o brasileiro gaste R$ 30 por ano com livros - o q de fato permite comprar 01 ou 02 livros a cada 365 dias. Será?

Nesse fim de semana, com R$30 comprei 04 livros em sebos – e tive troco – dentre os quais Drummond ($7), Machado ($5), João Antônio ($5) e Haruki Murakami – mais recente – a $10. Duvidam? Entrem no estante virtual. Com os 3 de troco comprei uma Coca-cola (cara pra caramba, quase um livro), me arrependi, devia ter comprado uma água – duas, com 3 pilas - mas é q, com calor infernal que faz em Sampa, a gente não raciocina bem.

Assim sendo, a não ser q se considere o objeto livro mais importante q o texto escrito nele, a ponto de só negar o usado em detrimento de um novo, dizer q não lê porque o livro é caro é equiparável ao “ônibus quebrou” da desculpa ao seu patrão.
Não é mentira q o mercado editorial pega pesado nos preços – o Estado também não colabora: o livro é sobretaxado demais. Mas, é bem estranho ouvir aquela desculpa se, para continuar com índices e pesquisas, no Brasil gasta-se U$$ 42 por mês com celular , o q a meu ver indica q a fator dinheiro não é tão significativo assim.

O fato é q preferimos passar horas em frente à novela da tevê, o filme no cinema (nem sempre de boa qualidade), ou ouvindo música a “perder” horas lendo um Dostoiévski, um Cony, João Ubaldo ou mesmo um Dan Brown e etc. (a discussão sobre best-sellers fica pra outra postagem..).
Se atentarmos para a situação da poesia então...uhmm...é bem difícil. Não bastasse a Literatura como um todo estar for dos costumes tupiniquins, a poesia tem um lugar específico dentro dessa exterioridade.
É um gênero literário que demanda certo conhecimento da tradição poética, dos percursos por ela percorridos, os valores de cada época para então se aprender a ler poesia. Caso contrário, o q se terá será a estranheza a cada poema lido. 

Lembro-me, por exemplo, de q eu não entendia porq q, sendo “tudo poemas”, Camões escrevia tão diferente de Bandeira. Por q que em Olavo Bilac, os sonetos eram fechadinhos e em Drummond sequer havia rima no fim do verso; e por q q Bocage falava tanto em relva, pastores, ventos tenros, mas Camões não, se os dois compunham sonetos. Isso me fez prejulgar os poetas e embutir valores anacrônicos a cada um. Resultado: deixei de ler muita gente boa.

É q, além disso, ler um poema demanda um pouco mais que apenas vontade. Requer disponibilidade e paciência. Não é na primeira leitura q se entende esse texto – e ninguém garante q será na décima, décima-primeira...
O poema desafia: A decifração das imagens, o reconhecimento dos artifícios linguísticos, a associação a nossa própria vida. É um tipo de desafio q espanta aqueles q preferem a facilidade de uma telenovela, por exemplo, q, vá lá, não exige quase nada de seu expectador, além de ter visão e audição. E, no ambiente socioeconômico em q vivemos, no qual toda atitude deve gerar um produto imediato que supere a perda de tempo e, se possível, dê lucros, a leitura q não cumpre esse papel é descartada. Sobretudo se for aquela q é encarada como um “enigma”.

Se eu posso ver o filme Ensaio sobre a Cegueira, em vez de ler o livro, por q não? se eu posso trocar o fácil pelo difícil, pra que optar pela “pulga atrás da orelha?”.

Até porq, como diria Paul Valéry, “nos sentimos mais confortáveis ao negar a dúvida”.
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30 de ago. de 2010

Ao Leitor


A tolice, o pecado, o logro, a mesquinhez
Habitam nosso espírito e o corpo viciam,
E adoráveis remorsos sempre nos saciam,
Como o mendigo exibe a sua sordidez.

Fiéis ao pecado, a contrição nos amordaça;
Impomos alto preço à infâmia confessada,
E alegres retornamos à lodosa estrada,
Na ilusão de que o pranto as nódoas nos desfaça.

Na almofada do mal é Satã Trimegisto
Quem docemente nosso espírito consola,
E o metal puro da vontade então se evola
Por obra deste sábio que age sem ser visto.

É o Diabo que nos move e até nos manuseia!
Em tudo o que repugna uma jóia encontramos;
Dia após dia, para o Inferno caminhamos,
Sem medo algum, dentro da treva que nauseia.

Assim como um voraz devasso beija e suga
O seio murcho que lhe oferta uma vadia,
Furtamos ao acaso uma carícia esguia
Para espremê-la qual laranja que se enruga.

Espesso, a fervilhar, qual um milhão de helmintos,
Em nosso crânio um povo de demônios cresce,
E, ao respirarmos, aos pulmões a morte desce,
Rio invisível, com lamentos indistintos.

Se o veneno, a paixão, o estupro, a punhalada
Não bordaram ainda com desenhos finos
A trama vã de nossos míseros destinos,
É que nossa alma arriscou pouco ou quase nada.

Em meio às hienas, às serpentes, aos chacais,
Aos símios, escorpiões, abutres e panteras,
Aos monstros ululantes e às viscosas feras,
No lodaçal de nossos vícios imortais,

Um há mais feios, mais iníquo, mais imundo!
Sem grandes gestos ou sequer lançar um grito,
Da Terra, por prazer, faria um só detrito
E num bocejo imenso engoliria o mundo;

É o Tédio! - O olhar esquivo à mínima emoção,
Com patíbulos sonha, ao cachimbo agarrado.
Tu conheces, leitor, o monstro delicado
- Hipócrita leitor, meu igual, meu irmão!


(BAUDELAIRE, Charles. As flores do mal. Trad. Ivan Junqueira. Rio de Janeiro. ed. Record, 1985)

(Aquarela "Les fleurs du mal", de Marilyn Mason)

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29 de ago. de 2010

Hoje direi mentiras!


A verdade não foi a melhor opção. Estamos acostumados a exaltar a sinceridade, a honestidade como atributos positivos em um Homem íntegro, principalmente quando o assunto tratado não for a gente. Do contrário, meu amigo, a coisa muda: O ego não suporta, a vaidade não aceita, pois é preferível um elogio a uma crítica, um “sim” a um “não” – uma mentira. Até porque, imagino o quanto sofre você que diz “está feio”, quando sua mulher te pergunta sobre o cabelo dela (e q você realmente achou estar feio); ai de você q opina negativamente sobre um vestido dela (brega pra caramba); q não aceita comer todos os bolinhos ruins q sua avó faz e passou a vida toda acreditando q você os adora; q não compartilha, silenciosamente, com sua família, algo em q só você não acredita.

Já sei: vamos trocar o adjetivo honesto por omisso, aí sim ganhar mais respeito, manter algumas amizades e amores, não é não?

Não sei.

Se desde o início fossemos sinceros uns com os outros em nossas relações interpessoais, talvez não seriam necessárias aquelas máscaras cotidianas. Se lá, bem no comecinho, o primeiro mentirosos tivesse pensado bem, antes de cometer seu pecado capital, e seu interlocutor não houvesse se sentido feliz com a burla, fazendo com q esse ato se repetisse como um processo contínuo q acabou formando-se cultura, é possível q não precisássemos mentir, assim como é possível q teríamos aprendido a encarar a opinião alheia como válida, independente de ela exaltar ou depreciar nós mesmos: saberíamos q a mentira é um vicio maléfico.

Mas não.

Em tempos nos quais nosso individualismo impõe uma falsa liberdade de opiniões, em q escutamos o outro (q devido à liberdade pode dizer “quase” tudo que quiser) e dizemos respeitar o posicionamento deste outro, mas no final das contas o q prevalece é nossa própria opinião (afinal, 'eu também sou livre pra pensar o q quiser'), o gosto amargo mora na verdade.

Assim, pra mantermos a inter-relação, é mais fácil corroborar a opinião de outrem sobre si mesmo (quando esse for o assunto) q enfrentá-la: você poupa o outro de (mais) uma discórdia e o faz se sentir aceito. Como há tantas outras forças q nos fazem sentir exclusos, sobretudo as de ordem sócio-econômica, estar pertencente a (e em) quaisquer outras esferas é um alívio. Desse modo, aquilo que seria um discurso hipócrita – dizer uma coisa, pensando outra – perde sua negatividade e passa a funcionar como o catalizador da “boa convivência”, um antídoto contra a exclusa realidade. Se a verdade incomoda, meus caros, a mentira acomoda.


O real não é suficiente, ainda precisamos ser enganados.

E isso é verdade.

23 de ago. de 2010

Ontem, eu e Li fomos ao Tuca ver a peça “Ensina-me a viver”, q tem no elenco, dentre outros, Glória “Coringa” Menezes.

Bem, a sinopse vocês podem conferir no link acima. Falarei um pouco sobre minha recepção da peça – deixando claro q não sou nenhum teatrólogo:

A peça é legalzinha, fala sobre Vida e Liberdade, mas por meio de diálogos fáceis sem profundidade filosófica nenhuma. Beira à auto-ajuda e é repleta de discursos como: a morte faz parte da vida; e ser velho não tem nada a ver com a idade, está no coração – q, embora sejam “verdades”, já são lugares-comum, clichês – fatos q pra mim já depreciam qualquer arte – O q põe em dúvida a qualidade de um dos textos: o original de Collin Higgins, a tradução de Millôr ou o da adaptação.

No entanto, a interpretação da Glória em vários momentos é excelente: fez o público rir, ficar sério, e até desafiou o senso comum daqueles expectadores mais “quadrados”. Ela soube mostrar q tem talento mesmo – inegável, sobretudo contracenando com Arlindo Lopes (Harold), q mandou bem e incorporou sua personagem. Igual feito foi conseguido por Fernanda de Freitas. (embora em algumas partes ambas as atuações tenham ficado superficiais).

Já Stella Maria Rodrigues, q encenou a mãe de Harold, forçou um pouco, tanto na representação da personagem como nas falas, q a meu ver, não conseguiram esconder o fato de q eram decoradas – ou seja, ficou um pouco artificial, principalmente pela aparente “pressa” q ela teve em pronunciar cada uma das frases. Mas também tem seus méritos, pois houve instantes ilários q garantiram os risos da plateia.

No conjunto, é uma peça bem montada, em q a participação e agilidade dos atores e assistentes de palco garantem o bom encadeamento. O uso de recursos audiovisuais enriqueceram o espetáculo, mas com certeza, é sua história “bonitinha” aos olhos mais sensíveis e menos analíticos q garantirão o sucesso de Ensina-me a Viver.
 
Para um fim de Domingo, valeu...
 

22 de ago. de 2010

*Holden Caulfield no séc. XXI


O som do jazz ecoava nos ouvidos da noite. Eu improvisava alguma sintonia. Peguei uns dois, três vales-cerveja e andava em círculos atrás de alguma conversa. O sax fazia solo. Ainda deu tempo de ganhar um abraço antes de perceber o quão ridículas são as pessoas quando estão longe das quatro paredes de seus quartos.

Ficaram contando História – o q fizeram no verão passado, na chuva passada, no sítio passado. Na vida transpassada. O sorriso no rosto dela a todo momento,e por um instante recordei as máscaras q simbolizam a sexta arte.
Eu, meu silêncio observador, querendo ouvir a porra do solo do sax no jazz q se apagava perante os discursos - sempre mais altos em relação à música – q nunca admitiam uma falha naquelas histórias extraordinárias. Os amigos dela ainda esboçaram uma gentileza comigo. Outro deles, segurando uma cerveja quente nas mãos, preferiu brincadeirinhas estúpidas e piadas baratas a outros assuntos. Na verdade, acho q ele gostaria de ser o assunto. Mas não foi.

Paralelamente, ela ainda dizia querer voltar a vida antiga, menos correta e careta. Fixava seus olhos já trôpegos no nada e arriscava alguma felicidade. Pseudo.

Não duvido q naquela madrugada não tenha restado nada nela, além da postura pudica dentro das roupas de grife e o discurso hipócrita que nomeava seres e fazeres (como havíamos aprendido na faculdade, a linguagem cria).

Fomos embora. Em boa hora.

Eles com os cus cheios de Itaipava, abraçados com um sorriso cariado no rosto e cantando We are the Champions; e eu com vontade de largar a merda do jazz e ouvir Helter Skelter a todo volume – cada qual para seu quarto: o único lugar em q as cortinas de fato encerram uma encenação.
 
 
 
 
*Personagem de "O apanhador no campo de centeio",de J.D Sallinger. Minha apropriação ilegal dela...

21 de ago. de 2010

Um dia de cada vez

Se ainda há algo q prezo a todo custo é a Liberdade. Procuro-a nos atos mais estranhos; em algumas relações marginalizadas; nos livros mais gastos; nas opiniões mais controversas; na janela de casa e na porta para a rua; nas amizades...


É algo do qual ainda não consegui me desvencilhar, a ponto de exprimir um certo egocentrismo – q, cabe frisar, é diferente de egoísmo – e, obviamente, influenciar a vida de quem está na órbita desse centro. De fato, isso acontece:

Quero fazer minhas coisas, viver minha vida, concluir meus planos, às vezes não fazer planos e apenas aproveitar os dias e o imprevisto sem dever muitas satisfações nem me sentir em um livro de Orwell.
E essas coisas nunca estão de acordo com a ideia de compromisso, e é ainda mais divergente quando consideramos as convenções burguesas a respeito daquilo q devemos ser-estar, ter, sonhar, fazer e etecê!

Ninguém, por ex.:, vai acreditar naquela "solterona" q disse estar assim por opção. É mais fácil taxá-la de "titia", de tímida, mal amada, quando não "sapata" - desculpem o termo, mas é assim mesmo q acontece por aí. Obviamente, o mesmo aconteceria a um homem, só trocaríamos o gênero dos adjetivos...

Mas, afinal, por q é tão difícil aceitar uma diferença; uma postura fora do trivial; a felicidade alheia?
Aliás, por q é difícil não cuidar da vida alheia?

A Li e eu conversamos bastante sobre isso. Ela tem sonhos baseados em um estilo de vida social padrão: família, filhos, uma casinha amarela...E eu sem sequer pensar nessas coisas neste momento. Não escondemos um do outro essas visões, e embora saibamos q temos de repensar um relacionamento em q as pretensões não casam (termo ambíguo...valem os dois...rs), continuamos a viver o agora, compartilhar o agora - cada um de nós reaprendendo a respeitar o espaço do outro, fato q, não vamos negar, é difícil.
Mas por q não?

Ela, em uma dessas conversas pós-crise namorística, depois de eu ter exposto a minha atual não-ansiedade em ...em...palavra difícil...rs...mas vá lá...em casar (falei!), e q seria melhor nos afastarmos e cada um seguir seus sonhos, disse a coisa mais bela q ouvi nesse 2 anos juntos:
 - Nesse momento, é mais importante pra mim estar com você do q outra coisa futura.
Foi lindo.
Isso não significou q ela se submeteu à minha postura, ou eu fui egoísta a ponto de não pensar na dela. O fato é q compreendemos: cada um tem seus princípios e limites. Q compartilhar o presente, através do respeito e da confiança é o essencial.

Embora eu saiba q ela ainda manifesta aquela vontade, e ela também saiba q eu continuo com as minhas convicções, também entendemos q essa não uma questão tão simples em q basta um de nós dizer sim e tudo estará resolvido.

Embora não saibamos o q isso vai virar no futuro, ficamos juntos, confiando, principalmente, no amor do outro. Respeitando o valor e valores do outro.Vivendo um dia de cada vez em 2010, e não em 1984.

16 de ago. de 2010

Incolor, inodora, insípida

Essa imagem no espelho da chuva
           ondula e balança outra
                       potencialmente tua.

Tal qual água limpa e nua,
cuja cor a radiação rouba,
esta face úmida
        pouco a pouco se escoa

                                                     e brinca,
                   entre uma piscada e outra,
propondo o jogo dos vários erros.

No ponto cego da absorção percebemos

: a imagem de si mesma destoa.
 

12 de ago. de 2010

Lançamento do livro "Luminosidades", de Cláudio Laureatti

Na Casa Mário de Andrade

Dia 13 de Agosto / Sexta das 19h30 às 21h30

Casa Mário de Andrade ( Rua Lopes Chaves, 546 - Barra Funda / Próximo ao metrô Marechal Deodoro )

"Estranhar nosso cotidiano. Reabilitação de passados perdidos e das iniciativas inspiradas em ações reais e liberações sonhadas. Afastamento da violência e da insanidade pelo compartilhamento da palavra. Reinventar o poder. O fazer poético e suas notações sociais.Rechaço de inferioridades e da falta de posses. É uma contravenção ao sistema do outro, um não pertencimento às representações midiárticas, desconstrução das idéias e dos discursos hegemônicos de novelas, jogos de futebol, vida-shopping. Poesia, pois é, poesia. E o centro da cultura está em toda parte. Periferia no centro do conhecimento."


Claudio Laureatti

Sarau da Casa

Meus caros, um belo convite. Eu vou, e vc?

Sarau aberto à participação do público, que terá a oportunidade de apresentar seus poemas. A cada encontro, o Sarau da Casa recebe dois poetas contemporâneos, que são entrevistados pelos apresentadores do evento e fazem leitura de seus poemas. O objetivo é valorizar a multiplicidade e a pluralidade da poesia que está sendo produzida hoje.

As inscrições para a leitura de poemas são feitas na recepção da Casa das Rosas, uma hora antes do Sarau. Participe!

Sábado, 14 de agosto, 20h.

Convidados: Antonio Cicero e Luiz Alberto Mendes Júnior.
Música: Memórias de um Caramujo.
 
Antonio Cicero é poeta, compositor, ensaísta e autor dos livros: Guardar (1996) e A cidade e os livros (2002), entre outros.
Luiz Alberto Mendes Júnior é colunista da Revista Trip e ministra oficinas de leituras e textos. É autor de Memórias de um sobrevivente (2001) e Às cegas (2006).
Memórias de um Caramujo: com repertório autoral, o grupo mescla influências em arranjos cheios de poesia e humor.


Serviço
SARAU DA CASA
Sábado, 14 de agosto, 20h.
Casa das Rosas – Espaço Haroldo de Campos de Poesia e Literatura
Av. Paulista, 37
Convênio com o estacionamento Patropi: Al. Santos, 74
Próximo à Estação Brigadeiro do Metrô
Tel.: (11) 3285-6986

Entrada franca

9 de ago. de 2010

O Fantasticon 2010


Fantasticon 2010 – IV Simpósio de Literatura Fantástica reune pessoas interessadas em Literatura Fantástica (ficção científica, fantasia e horror) para que elas possam se encontrar, debater idéias, trocar informações, levantar tendências e se divertir.


A proposta é incentivar o debate e enriquecer o estudo sobre o Fantástico no Brasil. Para isso, contaremos com palestras, mesas-redondas, oficinas, mostra de filmes, exposições, lançamentos, sessões de autógrafos e muita confraternização!

O Fantasticon 2010 é organizado por Silvio Alexandre, em uma realização da Biblioteca Pública Viriato Corrêa, do Sistema Municipal de Bibliotecas e da Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo. Com o apoio da Fly Cow Produções Culturais, revista Movie, Cálamo Editorial, GELF (Grupo de Estudos de Literatura Fantástica), Moonshadows Livraria, Universidade Anhembi Morumbi e da TV Cronópios.

8 de ago. de 2010

Dia dos Pais...

O salário foi baixo
.
...........a felicidade ínfima
.
a mãe e o pai em cada ponta
.
...........os filhos no meio de tudo.
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Só garfos e facas por todo lado
.
..............................................sobre a mesa"

.
.
.
.
.
.

É esse um Dia dos Pais no país que adia há dias, diante da gente, novos dias.
Adianto pra vcs: a gentileza é tardia.

6 de ago. de 2010

Mundo Compartilhado


           Minha vida é sua. Sua privacidade é minha – com o borbulhar das redes sociais, o “universo particular” se reduz a uma viela individual a que só temos acesso pela porta do quarto. Saber o que o outro fez, faz e fará é fato comum com o qual nos deparamos diariamente, acostumados à exposição que cremos instigar a interação com a “audiência”. Por quê? Difícil explicar e entender. O fato é que existe uma necessidade comum a quem se presta a essa atitude: dividir. Ler e se fazer ler desperta a sensação de que estamos dialogando com alguém – ainda que fisicamente distantes – e assim, somos vistos, notados, percebidos por outro: damos concretude ao ato de ser.
            Longe de parecer exagero, pode-se entender que há implícita (ou não) nessas “redes”, uma carência, digamos, existencial, na medida em que atribuímos (a razão de) nossa existência ao reconhecimento dos nossos pares. Se não isso, o que? Entretenimento? - não creio. O que explicaria, por exemplo, a postagem de um famoso verso, com cuja ideia ali expressa concordamos, se não mostrar nossas ansiedades, convicções, sensações e até mesmo fragilidades? É justamente a exposição dessas características que me faz acreditar na carência supramencionada.
           Clarice Lispector dizia que “amar é dividir com o outro aquilo que a gente não tem” (frase que aliás já postei no meu profile em outrora), e talvez por uma relação de amor – ou quem sabe ódio – à vida, tentamos amenizar certos impactos por meio da partilha.
           Condenados a ser livres – como disse Sartre – procuramos pela alteridade nos construir como sujeitos. Sujeitos imersos em uma solidão compartilhada.

4 de ago. de 2010

O s**o

O sono é um fenômeno bem interessante. Algo no corpo nos impede a atenção, o equilíbrio, a lucidez e nos faz querer um colchão bem macio. Uma cama. Ou qualquer outro lugar, porque nessa hora a escolha do local pouco importa.
Sei não. Mas a sensação do sono me lembra outra...sabe...
Contudo, a preguiça agora grita...hahaha....agora é hora de dormir mesmo!
Boa noite!

poética

 Alguma palavra,
este cavalo que me vestia com um cetro,
algum vômito tardio modela o verso.

Certa forma se conhece nas infinitas,
a fauna guerreira, a lua fria
encrustada na fria atenção.

Onde era nuvem
sabemos a geometria da alma, a vontade
consumida em pó e devaneio.

E recuamos sempre, petrificados,
com a metafísica
nos dentes: o feto
fixado
entre a náusea e o lençol.


Meu poema me contempla horrorizado.



(Cacaso, In “Beijo na Boca”, 2002)