23 de out. de 2010

De cangorra e outros brinquedos


Não suporto a hipocrisia das hiper-feministas q acham q ser mulher acarreta ser anti-homem e cometem o raso, pífio e ridículo equívoco de fazer do feminismo uma versão simplesmente oposta ao q elas mesmas abominam – o machismo. Na boa, mulher de bolas não dá!

Talvez pelo exacerbado sentimento de conquistar além de seu espaço e contrariar uma voz dominante dos séculos passados – de sociedade patriarcal –, haja um grito de repulsa q, mais q buscar a ampliação de um território, anseia a invasão do outro, quase a extinção do outro.

É compreensível esse fator: a ideia de “revanche” em cima do processo histórico q inegavelmente anulou a participação feminina em campos diversos da formação humana (ciências, artes, política); em cima de uma ética (com colaboração de doutrinas religiosas) q reduziu o papel da mulher à submissão ao homem, travestida por exemplo em uma instituição hoje falida como o casamento, em q, enquanto a noiva terá um marido - a função social do homem -, este não terá uma esposa, mas sim uma...como é mesmo a frase?: marido e...mulher, isso! terá a MULHER.

Sim, é compreensível q se queira uma voz, um lugar - não há problema algum, pelo contrário, todos têm direito ao espaço. Mas entre querer uma voz, um lugar e querer “A” voz, “O” lugar, há um abismo notável, pois sugere mais autoritarismo q autonomia. É como a briga das crianças ciumentas quando ganham brinquedo novo: esse é meu – só meu!

Há aquelas q se autointitulam 'mente aberta' e revolucionária, mas lá no fundo – na plantação de alface q guardam no lugar do cérebro - acham, por exemplo, impossível q um homem queira amizade com uma mulher. Limitam-se a 'pensar' q todo cara q se aproxima delas é na exclusiva intenção de comê-las. (é a mesma coisa do machão suado e fedido q acredita q toda mulher quer dar pra ele).

Ah, meu, “vou escrever em letras grandes pelos muros do país”: ABAIXO AO SEXISMO!
Detesto!

O feminismo exacerbado é a mesma coisa q o machismo: expressão de uma pessoa insegura de si mesma e da sua relação com o mundo, q, na tentativa de compensar uma fragilidade sua, procura se impor com um discurso fajuto de argumentos quase sempre radicais. É o tipo de mulher q não sabe fazer bom uso da liberdade q outras mulheres mais dignas conseguiram por ela no passado.
Como disse: mulher de bolas não dá! Pra você, do sexo feminino, entender o q digo: uma mulher de bolas é para nós, homens, o q um homem bundão é para vocês.

Prefiro a mulher q sabe ser mulher. Q sabe ser, mais feminina q feminista, q sabe buscar sua independência sem forjar uma superioridade.
Acho q toda mulher e todo homem deveriam se pensar em relação ao outro e não no lugar de.


Um beijo a todas minhas amigas de verdade, q sabem ser mulher – de verdade!

10 de out. de 2010

A casa do tempo perdido (Drummond)


Bati no portão do tempo perdido, ninguém atendeu.
Bati segunda vez e mais outra e mais outra.
Resposta nenhuma.

A casa do tempo perdido está coberta de hera
pela metade; a outra metade são cinzas.
Casa onde não mora ninguém, e eu batendo e chamando pela dor de chamar e não ser escutado.

Simplesmente bater. O eco devolve minha
ânsia de entreabrir esses paços gelados.
A noite e o dia se confundem no esperar,
no bater e bater.

O tempo perdido certamente não existe.
É o casarão vazio e condenado.

ANDRADE, Carlos Drummond de. Farewell. Rio de Janeiro : Record, 1996.

2 de out. de 2010

Ah se entre duas escolhas houvesse a opção por uma terceira...


    Sou daqueles para os quais o pouco não basta. Sempre quero ter além - sem a ambição negativa, mas sim com a vontade e necessidade de me sentir completo. Talvez pela característica intrínseca a essa pessoa aqui por querer romper limites e chegar àqueles impostos apenas por ela mesma – seja a favor ou contra os externos, mas colocados por ela.
É por isso q me entedio facilmente com a rotina, com a mesmice de qq coisa que dure muito tempo sem qualquer mudança mesmo superficial. E para escapar desse tédio, só mesmo estabelecendo outras fronteiras pra se chegar. 

É como compensar uma falta estabelecendo outras mais.

É meu modo de mudar um estado de inércia: um pouquinho mais de aceleração sempre é bom. É assim q reativo minhas vontades e tento superar a ideia de uma vida equânime. Afinal, qual a finalidade daquela vida q se contenta em atingir – quando atinge – um único fim?
Acho q nenhuma! E se não há mais finalidade em viver, então o negócio é morrer, pelo menos por alguns instantes - a morte cotidiana talvez.
Porque a definitiva é para aqueles que desistiram de querer mais.

Se quer fugir disso, manipule suas paixões.