O som do jazz ecoava nos ouvidos da noite. Eu improvisava alguma sintonia. Peguei uns dois, três vales-cerveja e andava em círculos atrás de alguma conversa. O sax fazia solo. Ainda deu tempo de ganhar um abraço antes de perceber o quão ridículas são as pessoas quando estão longe das quatro paredes de seus quartos.
Ficaram contando História – o q fizeram no verão passado, na chuva passada, no sítio passado. Na vida transpassada. O sorriso no rosto dela a todo momento,e por um instante recordei as máscaras q simbolizam a sexta arte.
Eu, meu silêncio observador, querendo ouvir a porra do solo do sax no jazz q se apagava perante os discursos - sempre mais altos em relação à música – q nunca admitiam uma falha naquelas histórias extraordinárias. Os amigos dela ainda esboçaram uma gentileza comigo. Outro deles, segurando uma cerveja quente nas mãos, preferiu brincadeirinhas estúpidas e piadas baratas a outros assuntos. Na verdade, acho q ele gostaria de ser o assunto. Mas não foi.
Paralelamente, ela ainda dizia querer voltar a vida antiga, menos correta e careta. Fixava seus olhos já trôpegos no nada e arriscava alguma felicidade. Pseudo.
Não duvido q naquela madrugada não tenha restado nada nela, além da postura pudica dentro das roupas de grife e o discurso hipócrita que nomeava seres e fazeres (como havíamos aprendido na faculdade, a linguagem cria).
Fomos embora. Em boa hora.
Eles com os cus cheios de Itaipava, abraçados com um sorriso cariado no rosto e cantando We are the Champions; e eu com vontade de largar a merda do jazz e ouvir Helter Skelter a todo volume – cada qual para seu quarto: o único lugar em q as cortinas de fato encerram uma encenação.
*Personagem de "O apanhador no campo de centeio",de J.D Sallinger. Minha apropriação ilegal dela...
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Este espaço é democrático. Assim como ele preza pela liberdade de expressão, também zela pelo respeito. Críticas sem fundamentos ou comentários preconceituosos ou ofensivos não são bem vindos.