9 de set. de 2010

Confesso: Já li Paul Rabbit



Nada mais trivial que criticar livros de auto-ajuda e Best-Sellers. Esboçar sua raiva, indignação, na tentativa de mostrar alguma intelectualidade. O problema é q, constantemente essa crítica vem acompanhada por uma certa arrogância: é baseada na opinião do outro (do professor, do escritor de renome ou qualquer outro ícone seu), mas o autor mesmo da crítica sequer leu algum dos livros. Mais de uma vez ouvi dizerem q – para continuar nos clichês – “Paulo Coelho é uma bosta”. Pergunto então qual livro do cara ele leu. Adivinhem: Nenhum. Questiono-me como alguém pode criticar algo sem ter experimentado. Isso me sugere certa infantilidade (quando eu era criança dizia não gostar de berinjela – nunca havia comido – contudo, hoje, mais maduro, não nego um prato desse legume. À parmegiana ou recheada então...beleza!).

E antes q alguém me pergunte se eu gosto de fezes, e quando eu responder não, perguntar se já experimentei, leia esse artigo sobre a relação olfato/paladar, ok.

Bem, nunca comi merda – eu acho – mas já li Paulo Coelho, Agatha Christie, “Violetas na Janela” e coisas assim, lá no início, quando não tinha sequer ideia do q era literatura, valor literário (que aliás, até hoje nenhum teórico conseguiu definir), nem tinha orientação sobre o que ler, i.e, oportunidade de acesso à outros autores q não aqueles ditados pela lista dos 10 mais nos jornais revistas e boca-do-povo. Mas o fato é q eu LIA, ao menos.

Com efeito, penso que a qualidade desses textos seja questionável – para quem leu, sabe oq estou falando -, já q boa parte desses livros não tem preocupação com a elaboração linguística - e não se trata de gramática correta ou não, é q eles pintam e bordam com o lugar-comum, com as mesmas metáforas desgastadas -, apostam nas fórmulas q deram certo lá atrás e q ainda enganam algumas pessoas (Alguém poderia me explicar a diferença entre Robert Langdon e Indiana Jones: acadêmicos atrás de simbologias, cujas vidas são repletas de aventuras?), arriscam conselhos frouxos, iludindo os leitores ávidos a aprender alguma coisa. (Haja vista as estantes das livrarias repletas de títulos do tipo: "Como fazer isto"..."Como ser isso"..."Como lidar com aquilo",etc)


O q eles fazem é trabalhar com a generalização, supondo q todos temos os mesmos sentimentos, as mesmas necessidades e se esquecem da complexidade do ser humano. Não tocam nas particularidades da experiência histórica que é a vida, e tampouco se importam com o momento da história em que estamos.
A triste ironia: é exatamente por isso que esses livros dão certo. E vendem. Afinal, para alguns livros há o bom gosto. Para todos os outros existe Mastercard*

No entanto, conquanto, entretanto, todavia, embora os livros como esses sejam fracos literariamente, há quem os leia. E talvez aí resida a importância da chamada literatura menor: iniciar pessoas no mundo da leitura. São textos fáceis que ajudam as pessoas a criarem o hábito de ler,e isso pra mim e espetacular. Deixe lerem Crepúsculo, Melancia, O Zahir, Norah Roberts, Augusto Cury e outros. Se lerem já estarei satisfeito. Não subestimo a hipótese de q alguns desses leitores possam partir para outros autores mais, digamos, menos generalizadores e triviais.
Quem sabe o carinha q leu Crepúsculo e gostou do clima soturno não parta para um Poe; a menina q leu Melancia  não se enverede por contemporâneos como Clarah Averbuck; ou então aquele q leu o Alquimista e achou ter entrado na alma humana não descubra Clarice Lispector, Caio Fernando Abreu,Virginia Wolff ?
Deixe-os. talvez com alguma orientação isso venha a acontecer.

E sinceramente, dúvido que alguém aqui q é amante das Belas Letras, da considerada boa literatura, tenha começado lendo...Finnegans Wake.

 Eu não.
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