3 de ago. de 2010

As notas 10

- Como foram suas férias? - Me perguntaram.

- Bem. Deu pra descansar, ganhar uns quilos, viajar e continuar trabalhando. E você(s)?

- Não fiz nada de mais. Só trabalhei pra caramba e agora estamos aqui.



Pois é, as aulas tornaram a fazer parte da minha rotina e junto com elas a sensação de necessitar me formar logo. Com efeito, o quinto ano pressiona bastante nesse sentido. Nove semestres passados, já sinto meu não-pertencimento àquela faculdade. Pelos corredores há gente nova – não conheço mais ninguém. Não existe o pique de início do curso e nem ganhei uma caixa de lápis de cor novinha com 48 cores pra exibir a meus colegas.

Procuro amenizar os sintomas ao lembrar que consegui as matérias que queria desde o início (mas que foram sufocadas pela grade obrigatória), tento esquecer a crise curricular do curso, a infra-estrutura “alternativa” do prédio e a picaretagem de alguns professores.

Me concentro no reencontro com algumas pessoas que, assim como eu, estão lá há dezenas de anos. Nós todos idosos, doentes e perto da aposentadoria em meio ao gás e euforia das turmas recentes que sequer imaginam que um dia chegarão aqui também.

Começamos a conversar e redigir verbalmente o clichê " As Minhas férias”, e por alguma razão, minha atenção fica ali e o trivial soa inédito. Por mais que o assunto não pareça interessante, não interessa! - Aquelas pessoas o são, e isso pra mim é o suficiente. São pessoas que valem a pena, dessas que a gente, depois de carregar por um bom tempo na mochila, insiste em guardar.

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