16 de set. de 2011

Poema-crime


Têm sido as respostas.
               Mas,
não havíamos combinado
que apenas as questões
                       teriam como término um ponto de interrogação
                                                        ?

É nesta inversão que,
sem ao menos o porquê,
as provas se evaporam
e precipitam um delito,
                                 líquido
                                          e certo.

É o que se escreve, e não prescreve.

Quantos serão os cúmplices?

Eis a investigação da qual nos supomos isentos
        e
ao mesmo tempo
somos

           testemunhas oculares
           deste poema-crime

: um estranho elemento.


do livro Colírio, a sair em 2011, pela editora Patuá

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